Pedagogia Montessori

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Comunicar com as crianças de forma positiva

Falamos tanto sobre como deve ser a comunicação, entre pais e filhos, e de facto isso tem de ser falado muitas e muitas vezes. É uma das partes mais importantes da paternidade. Deixamos alguns exemplos concretos que deveriam fazer parte do vocabulário de qualquer pai ou mãe.

1. Eu amo-te (mesmo quando não gosto do que fizeste).

A primeira e mais importante tarefa de qualquer pai ou mãe é oferecer amor incondicional e aceitação ao filho. Esse amor deve construir a base inabalável sobre a qual todo relacionamento futuro será construído e é o melhor e mais precioso presente que pode dar ao seu filho.

No entanto, como qualquer pai pode atestar, há muitos momentos em que não sente que gosta particularmente de seu filho – ou melhor, quando não gosta do que ele está a fazer ou acabou de fazer.

Pode pensar que isso é óbvio, mas é necessário deixar bem claro para o seu filho que o ama e o aceita, mesmo que julgue e rejeite os seus comportamentos indesejados ou inadequados. Às vezes, eles precisam que diga isso abertamente:

“Eu amo-te, mas estou muito infeliz com o que fizeste”.

Tudo o que precisa fazer é reorientar a sua linguagem para falar sobre as ações da criança em vez da sua pessoa em si. Veja como:

·       Em vez de “Tu deixas-me louco”, tente: “Realmente irrita-e quando fazes isso”.

·       Em vez de "És tão rude", diga: "Isso foi uma coisa muito rude de se dizer".

·       Substitua “Eu preciso que não sejas tão preguiçoso” por: “É importante que trabalhes mais nisso”.

A princípio pode parecer assustador, mas quando adquirir esse hábito, isso vai fazer com que fale de forma mais gentil e amorosa com (e sobre) o seu filho, mesmo ao estabelecer limites firmes ou rejeitar e corrigir comportamentos indesejados.

2. É assim que te sentes?

Quando uma criança está a passar por um momento difícil – especialmente (mas não apenas) uma criança pequena – as suas emoções podem parecer caóticas, esmagadoras e incompreensíveis até para mesmo para elas. A coisa pior que podemos fazer é além de por em causa os seus próprios sentimentos, é dar a impressão de que ninguém mais pode saber ou entender o que a criança está a sentir.

Um pai ou mãe (ou qualquer outro adulto amado e confiável) pode fornecer ajuda imensurável, ajudando a criança a entender, rotular e processar as suas emoções. Para as crianças mais novas, falamos de forma mais simples – “tu pareces tão agitado! Tu estás a sentir-te agitado?” – e ir cada vez mais sofisticando o vocabulário para as crianças mais velhas: “esse é um desafio realmente frustrante que tens à tua frente. Estás a sentir-te um pouco ansioso com isso?”.

Lembre-se, não há sentimentos errados e os sentimentos de uma criança são seus próprios sentimentos.

·       Se uma criança expressar emoções inesperadas, conflituosos ou aparentemente, sem sentido para si, nunca as ignore, mesmo que não entenda muito bem. Se está confuso, é provável que eles estejam, ainda mais, confusos nas suas cabeças! Frequentemente, as crianças reagem muito bem quando as suas palavras são repetidas para elas, enquanto organizam, os seus pensamentos e impressões.

·       Nunca castigue um sentimento. Se uma criança age de acordo com os seus sentimentos negativos, e diz ou faz coisas ofensivas para os outros, isso não está certo e precisa ser abordado; No entanto, se você estiver a falar sobre os sentimentos da crianças e ela lhe disser que está com raiva, ansiosa, triste – que está aborrecida com um irmão – que não quer ver a avó agora – tudo isso é uma comunicação honesta e aberta, e algo que deve ser incentivado. Descobrir formas de lidar com esses sentimentos adequadamente é o próximo passo.

3. Eu vejo o que tu fazes!

Existem tanto livros com conselhos para os pais a dizer para elogiar, elogiar, elogiar, para que a criança se sinta vista, reconhecida e respeitada por nós. Bem, em Montessori, elogiamos mas QB e não apenas só porque sim, damos preferência em olhar realmente para a criança, reconhecendo e respeitando a criança!

Então, o que fazemos? Em vez de avaliar e elogiar as realizações da criança, nós simplesmente as descrevemos – para assegurar à criança que estamos a prestar atenção e que os seus sucessos são importantes para nós. No entanto, deixamos que a criança julgue exatamente quais são esses sucessos e quanto eles valem. Ao fazê-lo, preparamos a criança, idealmente, para desenvolver a sua própria auto-reflexão, independência emocional e auto-motivação; connosco ao seu lado para apoiar e encorajar, mas não ultrapassar.

“Vejo que terminaste o livro", EM VEZ DE "Uau, ótimo trabalho leste tanto!"

“Tu fizeste um desenho”, EM VEZ DE “Eu adoro o teu desenho! Está lindo.”

“Tu fizeste isso!" para qualquer ocasião.

4. O que achas disto?

Pergunte ao seu filho o que ele achou das suas realizações, a escola, o seu dia. Incentive o hábito de autor-reflexão e auto-avaliação através de perguntas e comentários gentis e, ainda mais importante, ouvindo atentamente as suas respostas.

Algumas crianças falarão muito, outras nem tanto. Se o seu filho responder à antiga pergunta, “o que você faz na escola?” com “nada” e para “o que tu achas disso?” com "ok, eu acho". Então, nesse caso, você está perante um desafio maior. Aqui está um truque útil:

Espere com as perguntas e dê o exemplo. Fale sobre o seu próprio dia, partilhe uma anedota ou experiência, veja se pode envolver e inspirar a partilha do seu filho dessa forma.

5. O que achas que deveríamos fazer a seguir?

É muito fácil – e às vezes muito tentador – deslizar para o papel do professor experiente que sempre sabe melhor. Afinal, temos toda essa perspetiva e experiência, toda essa sabedoria, dolorosamente adquirida, através da nossa própria tentativa e erro, e toda a motivação para facilitar a vida dos nossos filhos e por isso temos a tentação constante em dizer-lhes o que e como fazer.

No entanto, as crianças nem sempre precisam das nossas informações – as crianças precisam de ganhar a sua própria experiência, desenvolver a sua inteligência, aprimorar as suas próprias habilidades na resolução de problemas e de conflitos.

É muito mais valioso para uma criança elaborar uma solução do que lhe ser entregue tudo de bandeja e dizer-lhe o que fazer. Claro, algumas coisas que acabamos por dizer às crianças: “olhar para os dois lados antes de atravessar a rua”, por exemplo, não é uma lição para aprender por tentativa e erro. No entanto, em muitas outras situações, há espaço para dizer menos e perguntar mais. Guie a criança para uma solução, ou apenas deixe-a seguir o seu próprio caminho (e, às vezes, cometer seus próprios erros). Você está a apoiar a aprendizagem da criança, mas também, a deixar claro que respeita a inteligência e as opiniões do seu filho, aumentando, ainda mais, a sua confiança e construindo a sua relação. Dê-lhe essa oportunidade!

 

Fonte: Montessori Parenting

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