Parentalidade Montessori no século 21
Hoje, estou aqui para dizer o mais claro e alto possível: Bandejas de materiais, cartões de linguagem, prateleiras de atividades são benéficos, mas não definem a paternidade Montessori.
O que significa ser um pai Montessori? Pode ser equilibrado com vidas ocupadas, agendas complicadas, orçamentos limitados e recursos variados?
Quando os pais começam a descobrir e explorar a abordagem Montessori para a sua família, mais cedo ou mais tarde vão deparar-se com a grande armadilha do Instagram. A palavra armadilha é aqui colocada de propósito, porque lá, no Instagram tudo é perfeito e aí encontrarão uma série de fotografias extraordinárias de atividades educacionais, materiais feitos à mão, artes e ofícios e muito mais… que simplesmente sabem, muitos, que não o farão, seja por falta de tempo, energia e recursos, jeito ou mesmo desejo.
Depois de um tempo, pode parecer que para se ser pai/mãe Montessori é preciso ficar em casa, ter uma oficina cheia de ferramentas elétricas, passar todas as noites preparando materiais.
Há mais de uma maneira de fazer qualquer coisa, e não há nenhuma maneira prescrita que a paternidade Montessori deva parecer. Afinal, um dos seus pontos fortes é que Montessori se adapta aos estilos de vida e culturas do mundo, e não o contrário. As práticas e princípios de Montessori podem ser seguidas, mesmo se você não tiver jeito nenhum para preparar as atividades tão publicitadas no Instagram. Montessori é mais do que tudo atitude, não adianta ter prateleiras, materiais e um ambiente preparado se depois a sua criança não pode fazer nada sozinha, por exemplo.
O que faz um pai/mãe Montessori?
Para o bem ou para o mal, não há atividade ou item para comprar (ou fazer) que torne a sua casa Montessori. Pode-se possuir todo o material e nem chegar nem perto da filosofia. Em vez disso, o “segredo” é sobre como você vive, interage e comunica com o seu filho. Para se aproximar de uma parentalidade Montessori, deve:
1. Respeite o seu filho tal como ele é
O seu filho pode ser pequeno, ingénuo e inexperiente, mas ao mesmo tempo é um ser humano (a principal diferença de um adulto é o enorme potencial que ele possui!). A criança merece tanto respeito e dignidade quanto qualquer outra pessoa, e ela merece isso dos pais, principalmente.
2. Partilhe a sua casa e a sua vida com o seu filho, permitindo que ele participe ao máximo. O seu filho não é seu inquilino, ele vive na sua casa. É uma necessidade humana universal - ter um papel real e significativo na nossa comunidade, ver a diferença e a influência que temos no nosso meio, e as crianças não são diferentes a esse respeito. Olhe para as suas atividades diárias (trabalhar e brincar, cuidar de si e da sua casa, planear, pensar, organizar) e ver onde o seu filho pode participar delas.
3. Permita que o seu filho seja ele mesmo e sozinho. Independência é a palavra mágica da filosofia Montessori e aplica-se a todos os aspetos da vida, não apenas às habilidades práticas. Pensamento independente, trabalho, escolhas de atividades – uma criança precisa experimentar tudo isso. Permita que ele fique sozinho, deixe-o brincar sem interrupção; para superar os seus próprios desafios, explorar as suas ideias e interesses, até mesmo desfrutar da sua própria companhia. Não é Montessori estar “educando ativamente” ou otimizando cada momento de vigília do seu filho – aliás, saber manter-se distante é uma meta.
4. Conheça o seu filho, para que possa estar presente quando ele realmente precisar de si . Não há como saber, de antemão, qual será o equilíbrio certo entre liberdade e a supervisão, proximidade e a independência em qualquer momento da vida do seu filho. Que tipo de pessoa ele será, que lutas e desafios terá e o que exatamente ele precisa de si? Comprometa-se a ser consciente na sua parentalidade e estude o seu filho. Esforce-se para entender e respeitar o desenvolvimento do seu filho e onde ele está em determinado momento. Não há melhor forma de conhecê-lo do que observando-o direta e indiretamente.
Fonte: Montessori Parentig.
