ESTAMOS A ENLOUQUECER AS NOSSAS CRIANÇAS
Vivemos em tempos frenéticos, a vida é uma constante correria e o mundo das crianças está a ser atingido pela nossa loucura.
Já não se educa (ou brinca, alimenta, veste, entretém, cuida, consola, protege, ampara e satisfaz) crianças como antigamente:
Tabletes e ipads, por exemplo, já são companheiros imprescindíveis nas refeições de milhares de crianças;
Em muitas casas a televisão fica ligada o dia todo na programação infantil – naqueles canais cujo volume aumenta consideravelmente durante a publicidade – mesmo quando elas estão a comer com o iPad à mesa;
Muitas e muitas crianças têm atividades extra curriculares pelo menos três vezes por semana, algumas somam mais de 50 horas semanais de atividades, entre escola, cursos, desporto e apoio escolar.
Existe em quase todas as casas uma abundância de brinquedos, aparelhos, recursos e pessoas disponíveis o tempo todo para garantir que a criança “aprenda coisas” e não “morra de tédio”;
As pré escolas têm o mesmo método de ensino de há 40 anos atrás
Os pais tem uma preocupação exacerbada com o facto dos seus filhos serem os melhores em tudo! Passamos a infância toda das nossas crianças com urgência em ocupá-las e capitalizar todo o tempo disponível para impor às nossas crianças uma preparação praticamente militar, visando o seu “sucesso”. A pressão colocada nas crianças leva a uma competição desmedida com implicações mentais.
Contudo, o excesso de estímulos sonoros, visuais, físicos e informativos impedem que a criança organize os seus pensamentos e atitudes: fica tudo muito confuso e as informações misturam-se fazendo com que a criança mal saiba descrever o que acabou de ouvir, ver ou fazer.
Além disso, as aptidões que devem ser estimuladas estão a ser postas de lado:
As crianças não sabem conversar
Não conseguem focar-se numa brincadeira ou atividade de cada vez (na verdade a maioria sequer sabe brincar sem a orientação de um adulto!)
Não conseguem ler um livro, por pequeno que seja.
Não aceitam regras
Pior e principalmente: não sabem esperar.
É urgente parar. Parar e observar o mundo que nos rodeia. Colocar a mão na consciência, estamos a negligenciar a infância das nossas crianças, estamos a impedir que entendam e saibam lidar com as suas frustrações, os seus desejos, e lidar com a vida. Estamos a roubar o tempo que os nossos filhos tanto precisam para processar a quantidade enorme de informações e estímulos que nós e o mundo lhes estamos a dar. É urgente parar.
Fonte:Site “Pais que Educam”.