NÃO DEIXE OS SEUS FILHOS ANDAREM NUS NA PRAIA

Se nasceu nas décadas de 70, 80 ou 90 é provável que tenha uma daquelas fotografias embaraçosas — e ainda em papel — em que aparece nu, na praia, a brincar. Muitos pais achavam graça a imortalizarem os filhos tal como nasceram, mas rodeados de uma multidão de banhistas e cheios de areia. Anos mais tarde, a piada pode mesmo virar trauma e os álbuns acabam no fundo de uma gaveta, com hipóteses remotas de voltar a ser aberta.

Com as temperaturas a subir, nas próximas semanas milhares de português vão rumar à praia ou à piscina, numa tentativa de se refrescarem. Isto significa que, em breve, centenas de miúdos vão andar a brincar, junto à água, sem fato de banho. Um dos motivos que leva a que este hábito se mantenha é o desfralde — muitos pais aproveitam as férias de verão para incentivarem os miúdos a largarem as fraldas. E passarem algum tempo despidos faz, inevitavelmente, parte do processo. Mas até que ponto será seguro, para os mais novos, andarem nus nestes locais públicos?

“Os miúdos devem ser ensinados desde cedo a protegerem o seu corpo, distinguindo partes privadas e não privadas”, diz à NiT Rute Agulhas, psicóloga e terapeuta familiar. Para ser mais fácil, a especialista e aconselha os pais a usarem uma regra: “Mesmo os mais novos conseguem compreender se lhe explicarmos desta forma: as partes privadas do nosso corpo são aquelas que protegemos com a roupa interior (rabo, órgãos genitais e, nas meninas, as mamas).”

Logo, são partes do corpo que não devem ser mostradas em todos os momentos, nem locais. “Mas tem de haver o cuidado de explicar que num contexto da saúde, como as idas ao médico, ou de higiene essas zonas podem ser mostradas. Noutros contextos, não.”

Porém, a psicóloga salienta que é importante que os mais novos estabeleçam uma relação saudável com o corpo e se sintam bem na sua pele. “Isto porque a aparência física tem uma dimensão muito importante na autoestima.” “Os riscos não devem ser confundidos com necessidade de esconder o corpo, por vergonha ou embaraço, mas sim com necessidade de proteção”, salienta ainda Rute Agulhas.

“Quando os pais levam as crianças à praia ou piscina e permitem que andem sem roupa, estão a passar uma mensagem contrária àquela que deve ser passada.” Até porque, atualmente, há o perigo de qualquer pessoa pode filmar ou fotografar os miúdos com um telemóvel, fazendo depois o uso que entender daquelas imagens — algo que os pais não podem controlar.

“Numa perspetiva de prevenção do abuso sexual, existem três alertas importantes: ver, tocar e falar”, refere a especialista em psicologia clínica e forense. Estes servem para identificar situações de perigo (em que é preciso pedir ajuda), como aquelas em que alguém tenta ver, ou pede para mostrar as partes privadas; quando as tentam tocar ou pedem para os miúdos tocarem; ou quando falam com eles sobre partes privadas.

O artigo da NIT pode ser lido aqui:

 
Mara Alves

Mãe. Educadora Montessori pela Association Montessori Internationale. Formadora, oradora e consultora.

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