Televisão, a ladra do tempo

Ao longo do seu crescimento e amadurecimento como espectador, será desejável que atinja níveis mais avançados naquilo que se tem designado por alfabetização mediática ou educação para os media. Contudo, esse caminho exigirá um trabalho sistemático para que possa aprender a linguagem e a gramática da imagem. A televisão, tal como a família e a escola, é uma das principais geradoras de representações sociais, facto que não pode nem dever ser desprezado.

A televisão é um excelente meio para informar, formar e distrair, e uma ferramenta de construção das representações sociais das crianças e jovens. Nesse sentido, não devemos menosprezar o papel que ela desempenha no quotidiano familiar.

Mesmo sabendo-se que grande parte do tempo passado em família, seja por adultos seja por crianças, em casa, é ocupado a ver programas de televisão, temo-nos esquecido do seu impacto e da maneira como pode influenciar a compreensão que as crianças têm do mundo.

A multiplicação dos aparelhos receptores conduziu a uma perda progressiva da centralidade do convívio do agregado familiar na chamada “sala de estar”, passando a sua presença a desdobrar-se por outros espaços da casa, nomeadamente nos quartos das crianças.

Esta tendência de mudança permitiu porventura resolver conflitos e tensões que, inevitavelmente, surgiam nos tempos do aparelho único, em resultado da escolha de programas nem sempre consensuais. Todavia, mostrou-nos também que, de uma forma geral, os pais deixaram de estar familiarizados com grande parte da programação destinada especificamente à infância. E a situação piora quando não conhecem o tipo de programas a que as suas crianças assistem quando recolhidas nos seus quartos.

Fonte: Televisão, a ladra do tempo in jornal Público.

Artigo original

Mara Alves

Mãe. Educadora Montessori pela Association Montessori Internationale. Formadora, oradora e consultora.

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